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Memória de Léger-Félicité Sonthonax em Oyonnax (Ain):



" ... Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos: aqui está, cidadãos, o evangelho da França; já passou da hora de ser proclamado em todos os departamentos da República ...Todos os negros e sangues misturados atualmente na escravidão, são declarados livres para desfrutar de todos os direitos relacionados à qualidade dos cidadãos franceses ... “
Proclamação de Léger-Félicité Sonthonax que aboliu a escravidão em 29 de agosto de 1793 em São Domingos, até então colônia francesa.


Placa em homenagem a Sonthonax em frente a sua casa natal em Oyonnax.

Abolicionista convicto, enviado pela Assembleia Legislativa à São Domingos em 1792, Léger-Félicité Sonthonax entrou para história em 29 de agosto de 1793 tomando, e pela primeira vez na história, a decisão de abolir a escravidão no Norte da colônia. Essa decisão foi ratificada pela Convenção Nacional em 4 de fevereiro de 1794, que decidiu estendê-la para todas as colônias. Próximo a Toussaint Louverture e fiel defensor da liberdade dos negros, Sonthonax pagou caro por sua negrofilia com a chegada ao poder de Bonaparte, que o exilou.

Histórico:

Retrato de Leger-Félicité Sonthonax

Léger-Félicité Sonthonax nascido em 1763 em Oyonnax. Estudante de direito, ele se torna advogado do Parlamento de Paris em 1789, quando iniciou-se a Revolução francesa.

Com um caráter entusiasta, ele defende as teses abolicionistas trazidas pela Sociedade dos amigos dos Negros. Ligado à Jacques Pierre Brissot, líder dos Girondins, com o qual se encontrará no clube dos Jacobinos, ele se posiciona a favor da abolição imediata da escravidão desde o dia 25 de setembro de 1790 através de um artigo das Revoluções de Paris.

Em agosto de 1791, uma revolta dos escravos irrompe na parte norte de São Domingos, no coração da economia açucareira da mais rica colônia francesa.

Depois de muito ouvir as teses dos colonos escravistas, a Assembleia Legislativa sensibilizou-se aos argumentos dos Brissotins. Em 4 de abril de 1792, ela concede plena cidadania a todos os livres, de cor. Ela decidiu enviar uma comissão civil munida de plenos poderes com a missão de fazer cumprir a lei, restabelecer a autoridade da França e encorajar os escravos a retornarem às plantações. Sonthonax foi designado como um dos três comissários civis para São Domingos em 29 de abril de 1792, junto a Étienne Polverel e Ailhaud.


Em sua chegada em 18 de setembro de 1792, Sonthonax decide então se aliar com os livres e assim, impõe sua autoridade pela força. Ele anuncia a dissolução da assembleia colonial exclusivamente composta por brancos. Quando da sua entrada em Porto Príncipe, a capital, em abril de 1793, ele exila vários colonos brancos que não aceitavam a igualdade com os livres, de cor. Da mesma forma, ele consegue conter a insurreição dos escravos do norte, cujos senhores se refugiaram na parte leste da ilha, até então colônia espanhola.

A guerra contra a Inglaterra e a Espanha em fevereiro de 1793, após a execução de Louis XVI, apresentou um novo problema para os comissários civis. Em alguns meses, a maior parte de São Domingos é ocupada e vários colonos fazem aliança com um ou outro desses países, emigram ou provocam combates. Em junho, Galbaud, o novo governador monarquista, apóia um motim de brancos em Cap-Français.

Sonthonax e Polverel decidem então contar com os negros. Em 21 de junho, eles proclamaram a liberdade para todos os escravos que lutariam pela República. Bandos de escravos revoltados invadem e incendeiam Le Cap. Galbaud foge com milhares de brancos.

Em 29 de agosto de 1793, Sonthonax adota uma medida radical, que representa um dos eventos mais importantes da história das Américas; ele decreta a abolição geral da escravidão na província do Norte (todavia, com a obrigação de voltar a trabalhar nas plantações para aqueles que não lutam). Em seu decreto, ele afirma que sua missão era de «preparar gradualmente, sem agitação e dor, a emancipação geral dos escravos ».

Proclamação da abolição de 29 de agosto de 1793


Um pouco depois, em 21 de setembro, Polverel aboliu a escravidão no Oeste e no Sul. Em 4 de fevereiro de 1794, a Convenção ratifica a decisão de Sonthonax com o mesmo entusiasmo e estende-a à todas as outras colônias francesas.

Os escravos não se juntam imediatamente à Sonthonax, que deve convencer os senhores dos escravos revoltados do Norte a se unirem ao campo republicano. Somente no início de maio de 1794 que Toussaint Louverture e seus disciplinados e experientes homens se juntaram à ele.

Os partidários dos colonos em Paris aproveitaram a oportunidade para pleitear contra a arbitrariedade dos comissários civis na Convenção. Tendo atraído contra eles uma parte dos congressistas com interesses nas ilhas, Polverel e Sonthonax são indiciados. Tendo recebido sua ordem de comparecimento, eles devem deixar a ilha em 14 de junho de 1794.

Sonthonax distribuindo armas aos escravos - Quadro de Eddy Jacques - Coleção Haiti 500 anos de história.


Sonthonax se defende diante de uma comissão liderada por Garran Coulon. Ele argumenta o fato que nem os colonos e nem as pessoas de cor e livres, a quem ele havia sido enviado para defender, não eram mais leais à França. Ele pede que a República deposite sua confiança nos "cidadãos de 29 de agosto»": os escravos libertos. Tendo conseguido o ganho de causa em 25 de outubro de 1795, Sonthonax foi nomeado pelo Diretório para assumir a frente da terceira comissão civil em 23 de janeiro de 1796. Ele retorna à São Domingos, onde Toussaint Louverture trabalha em consolidar seu próprio poder.

Como Sonthonax não queria a descolonização, o general negro consegue que ele seja eleito deputado de São Domingos no Conselho dos Quinhentos em setembro de 1796. Sonthonax, consciente da manobra, tenta ficar. Toussaint Louverture aproveita a oportunidade para colocar Sonthonax no dia 24 de agosto de 1797 sob escolta armado a bordo de um navio zarpando em direção à França.

De volta em Paris, Sonthonax exerce o cargo de deputado de São Domingos. Lá, ele declarava suas ideias negrófilas. Quando Bonaparte assume o poder, ele o prende e o exila fora de Paris.

Ele procura refúgio em sua cidade natal onde falece em 23 de julho de 1813. Ele havia se casado com a sua amante, uma mulata cujo nome era Villevaleix.