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Pierre Moreau em Paray-le-Monial (Saône-et-Loire) :

« Com que direito teriam de tomar posse de suas terras, aprisionar as pessoas e cometer tantos massacres contra esses pobres que nunca os tinham conhecido e nem incomodado, que em vez de implementar o Cristianismo, semearam a impiedade...» .
Pierre Moreau, « História das últimas lutas do Brasil entre os Holandeses e Portugueses » publicado em 1651.


Mercado de Escravos no Brasil

Juntando-se ao serviço dos Holandeses que tiraram dos Portugueses o Nordeste do Brasil afim de assegurar-se de uma parte da produção de açúcar, Pierre Moreau traria um dos primeiros testemunhos da situação desse território marcado pelo sistema de escravidão, para denunciar firmemente os seus aspectos e propor uma nova sociedade aberta e tolerante.

Histórico:


Mapa do Brasil no século XVI e cena de punição de escravo na praça de um vilarejo.

Pierre Moreau nasceu em Paray-le-Monial em 1620. Ele é o caçula do sapateiro protestante Jean Moreau e de Esther Dutroncy. Ele deixa Paray nos anos 1640 para se juntar ao exército holandês por três anos. Graças ao seu talento pelas línguas estrangeiras e aos seus relacionamentos, ele se torna, em 1646, secretário de Michel Van Goch, um dos quatro governadores do Brasil, nomeado, em novembro de 1645, para uma missão de reconquistar o país dos Portugueses.

Após chegar em Recife em 1° de agosto de 1646, ele aproveita de seus vários deslocamentos pelo país e utiliza os arquivos do governo holandês e da companhia das Índias Ocidentais para testemunhar da sua visão e aprendizagem. Ao seu retorno para Amsterdã, ele redige um relato de viagem intitulado « História das últimas lutas do Brasil entre os Holandeses e Portugueses », texto de 212 páginas, publicado em Paris em 1651 e em Amsterdã em 1652. Ele volta em seguida para Borgonha onde ele exerce a atividade de escrivão no parlamento de Borgonha.

Além do relato das lutas entre Portugueses e Holandeses, sua obra apresenta uma crítica radical da colonização e da escravidão. Ele propõe um projeto de organização revolucionária do Brasil: em uma forte república de seu exército, tolerante a todas as religiões, solidário, igualitário em relação à propriedade, à justiça e educação, próspero graças à exploração da terra, das minas e do comércio, os Brasileiros poderão ter uma vide feliz e de qualidade.

Para ele, é a educação e não a ignorância, a diversidade e não a uniformidade, a divisão igual e não a monopolização, as trocas e não o acúmulo, o domínio do espaço global e não a retirada territorial, que criam harmonia e riqueza.


De volta à Paray em 1659 com a sua irmã Esther, ele falece em 1660. A casa da família situada na Rue de Bancs agora é da irmã, sobrinhos e sobrinhas, Jean, Jeanne e Pierre Monsanglar.

Pierre Moreau ficará na história após a sua obra despertar o interesse dos filósofos das luzes. Montesquieu contará com ele em sua biblioteca. Diderot o mencionará na Grande Enciclopédia. Traduzida para o português, a obra serve de referência aos historiadores especializados no Brasil assim como a escravidão e a colonização.

Obra de Pierre Moreau publicada em 1651, em Paris.