Se a abolição foi proclamada devido à pressão da insurreição dos negros em Santo Domingo, o resultado também pode ser atribuído a um homem que dedica sua vida inteira aos negros: o Abade Henri Gregoire. Nacido em 1750 no município de Veho em Lorraine, foi ordenado padre em 1775 e cura de Embermenil em 1782. Quando convocaram aos Estados Gerais em 1789, Gregoire é eleito deputado do clero de Luneville. Começa para ele uma carreira excepcional para chegar a ser umas das maiorias figuras da Revolução Francesa. Gregoire será uns dos membros decisionários na reunião do baixo clero e do Terceiro-Estado, estará presente durante o famoso « juramento do Jeu de Paume », presidirá a Assembléia Nacional durante o famoso 14 de Julho de 1789, dia da tomada da Bastilha. Foi ele quem redigiu o ato da abolição do Reinado que deu lugar à proclamação da República no dia 22 de setembro 1792. Presidirá a Convenção Nacional, será deputado no « Cinq-Cents » e senador durante o Consulado e o Império. Votará contra o estabelecimento do Império em 1804 e redigirá o texto que excluirá o Imperador Napoleão I. Detestado por Napoleão I, terá o mesmo tratamento por parte dos Borbones, que o impedirão todo cargo político. |  Juramento do Jeu de Paume
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Durante toda sua vida, Gregoire mostrou suas convições religiosas. Será bispo de Blois e o primeiro a adotar a Constituição Civil do Clero. Lutará pela liberdade dos cultos, pela separação da Igreja e do Estado e pelo abandono da missa em latim. Será preciso esperar o ano 1905 na França e o Segundo Concílio do Vaticano em 1963 para que muitas das suas idéias sejam postas em prática. Paralela a uma carreira política intensa, Gregoire deixará uma obra considerável : fará suprimir a « gabelle », o imposto mais detestado pelo povo, e o direito do filho mais velho. Dirigirá as reformas da instrução pública, instaurará as medidas de luta contra o vandalismo, criará a « oficina das Longitudes », universalizará o idioma francês. Será o fundador das casas de agricultura nos departamentos, do Instituto da França, da Academia das Ciências Morais e Políticas e do Conservatório das Artes e Profissões.  Declaração dos Direitos Humanos
| Entretanto, a tarefa mais importante, pela qual atuou, foi o combate pelo Homem: esse que tinha anunciado ao redigir o Artigo Primeiro da Declaração dos Direitos Humanos e do Cidadão : "os homens nascem livres e iguais em direitos". Seu primeiro resultado foi pela comunidade judia. Desde 1788, em seu « Ensaio sobre a regeneração dos Judeus » defende a causa da integração dos Judeus e sua igualdade de ratamento. Foi ele quem introduziu, pela primeira vez, uma representação dos Judeus na Assembléia Nacional, pedindo a igualdade dos seus direitos, que lhe será outorgada em 1791, permitindo à comunidade judia de ser considerada membro da Nação
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Sua luta mais dura e longa foi pelos Negros. Em 1789 Gregoire faz parte da « Sociedade dos Amigos dos Negros ». Obterá a supressão das subvenções do governo para o comércio negreiro e, no dia 4 de fevereiro de 1794, a abolição da escravatura nas colônias francesas. Atuando para a integração dos Negros na República, ele vai se opor violentamente à força expedicionária de 1801, encarregada de restabelecer a escravidão nas Antilhas.
Depois viajará pela Inglaterra, encontrando os grandes abolicionistas Clarkson e Wilberforce. Irá escrever vários livros denunciando os crimes contra os negros e interpelará as potências reunidas no Congreso de Viena em 1815, para a abolição imediata. Defensor dos Negros, foi o protetor da nova república do Haiti : desde 1800 manteve correspondência para ajudar a Toussaint Louverture e em 1812 foi convidado pelo Rei Christophe. Em 1819, o Haiti abriu uma suscrição para por um retrato dele no palácio presidencial. Em 1825, quando os representantes de Haiti chegam a Paris para cobrar o reconhecimento da independência do seu país pela França, fica proíbido - pelas autoridades francesas - todo e qualquer encontro com Gregoire. Desafiando a interdição oficial, os haitianos vão se inclinar ao pé de quem tinha sido proclamado "o amigo dos homens de todas as cores". .
|  Abade Gregoire
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 A aboliçao das escravidão
| Quando os haitianos souberam da desaparição do velho abade, filho espiritual de Bartolomeu das Casas, foi decretado uma homenagem em toda a Ilha do Haiti : bandeiras à meio mastro, missas em todas as igrejas, tiros de artilheria a cada duas horas durante dois dias. No ano seguinte, uma estátua é erguida na capital de Porto Princípe. Em 1989, pelas comemorações do Bicentenário da Revolução Francesa, o Presidente da República assinou o decreto da imortalização de Gregoire, ao fazer transferir seus restos ao Pantheon nacional. |
Em 1994 foi inaugurado, em Embermenil, um museu que mantém viva a memória de quem aparece hoje em dia como um gigante da fraternidade. >> Venir à la maison Abbé Grégoire d'Emberménil |